Vamos lá, confesso que está sendo difícil escrever sobre Montevideo. As comparações são inevitáveis: não é vibrante como Buenos Aires (nem com toda crise que acompanhamos); não é exótica como Cuzco e tantas outras cidades no Peru; não é intimista como Colonia del Sacramento, ex colônia portuguesa no Uruguai; não se mostra de imediato como La Paz e sua gente, não...não...Sim, é uma cidade de "sim": fácil de circular, gente sempre educada a falar, perguntar, explicar, num silêncio contraditório. Sim, é uma cidade que fala baixo, que sussurra a vanguarda dos fatos (direitos humanos, igualdades, questões ambientais, utilização do solo etc). Enfim, não percebi de cara qual é a de Montevideo e isso me instigou: aí, fui gostando aos pouquinhos. Como num desafio, ao final de 6 dias, neste carnaval de 2015, ao escrever este post procuro responder: qual é a de Montevideo? Vamos embarcar?
Que tal começar pelo começo? Invariavelmente, todos os viajantes em Montevideo irão fazer o percurso pelo centro histórico da cidade. Este percurso é muito bem delineado e vou considerar como centro o trecho compreendido entre a praça onde está localizado o prédio da Intendencia Municipal até o Porto, passando pela Av. 18 de Julio e a peatonal Sarandi. Ao longo deste percurso, tinha interesse especial em visitar o Museu dos Azulejos (Calle Yi 1444) e o Museu de História da Arte(entrada pela lateral do prédio da Intendencia Municipal). O primeiro estava fechado e o segundo parcialmente aberto, mas valeu a visita!
No prédio da Intendencia de Montevideo podemos pegar um elevador panorâmico e avistar a cidade do alto do 22ºandar. É grátis e devemos apenas pegar um ticket para controle do acesso num guichê de informação que existe na praça. Aproveite para retirar os mapas e pegar informações necessárias sobre funcionamento dos atrativos. Muito prestativos eles ligam para os locais desejados e te confirmam. Antes de subir, uma réplica da escultura de Michelangelo:
O Museu de Artes, cuja entrada é na lateral deste prédio, foi uma grata surpresa, mesmo tendo visitado apenas parte do térreo. Havia uma exposição temporária de desenhos japoneses, Mangá e de objetos pintados com uma técnica conhecida por JATAM e acredita-se que tenha chegado ao Irã, pelos chineses e persas. A técnica consiste em criar um revestimento com mosaicos geométricos utilizando ossos de camelo e cobre; o resultado é...Lindo!
A técnica JATAM:
Parte integrante do acervo permanente, podemos ver uma representação pouco usual de São Jorge, cujo artista é um dos mestres do Renascimento - Donatello:
Baco, também da Escola Renascentista:
E a surpresa da visita:
Esta peça é o tímpano central da Porta Real da catedral gótica de Chartres, na França, que permaneceu íntegro após o incêndio de 1194. Representa Cristo Pantocrator acompanhado dos 4 evangelistas. O Homem simboliza Mateus; o Leão é Marcos; o Touro representa Lucas e a águia é João. Sensacional!
Bem do ladinho do prédio da Intendencia temos o Mercado da Abundancia, que na verdade hoje reúne alguns restaurantes, que não experimentamos. Aqui funcionava o Mercado de Artesanto, que hoje está na Praça Cagancha, um pouco mais à frente, continuando o passeio pela Av. 18 de Julio:
Procurando o Museu dos Azulejos, que estava fechado, há umas ruazinhas charmosas que cortam a principal:
Podemos ver a fonte dos cadeados para os enamorados....Garanto que o fonte estaria mais bonita sem o cadeados, mas aí não seria a fonte dos cadeados, certo? Bom, de certa forma, um lugar só para eles e não estão espalhados pela cidade, danificando pontes ou tirando a beleza dos monumentos e paisagens.
E, então, chegamos à Praça Cagancha, também chamada de Praça da Liberdade, devido ao monumento à Paz (quando se pôs fim a Revolução do General Flores, em 1865) instalado ali em 1867. É nesta praça que hoje se encontra o Mercado de Artesanato e também uma Biblioteca e o Museu Pedagógico, que fiquei curiosa, mas também se encontrava fechado:
Vários prédios ao longo da Avenida 18 de Julio nos remetem ao Ecletismo italiano e também francês:
Um ponto de vista mais charmoso da praça...que contrapõe com a arquitetura moderna e pós moderna, de gosto duvidoso, do prédio da Presidência da República:
O que mais gostei na Peatonal? A livraria e restaurante Puro Verso, linda!
E alguns espaços onde os uruguaios exprimem a sua alma vanguardista:
Por esta peatonal chegamos à Praça da Constituição, o recanto mais francês de toda essa influência clara que podemos perceber ao percorrer o que deliniei como centro. Nesta praça é que se encontra a Igreja de San Juan, onde podemos ver um plano de desenvolvimento da cidade até o século XIX:
Seguindo um pouco mais avistamos aquela fumacinha branca, ao longe: Habemus parrila! Para os amantes da boa carne, não tem mesmo lugar melhor para saborear uma, acompanhado do Medio y Medio: bebida que mistura espumante com vinho branco e que é uma delícia. Bom, fugimos dos tradicionais Roldós e El Palenque e arriscamos na Cabaña La Veronica e acertamos em cheio! Os cortes oferecidos são do Gado Hereford e o medio y medio espetacular, começando pelo brinde da casa!
La Cabaña Veronica:
E era carnaval!
No prédio da Intendencia de Montevideo podemos pegar um elevador panorâmico e avistar a cidade do alto do 22ºandar. É grátis e devemos apenas pegar um ticket para controle do acesso num guichê de informação que existe na praça. Aproveite para retirar os mapas e pegar informações necessárias sobre funcionamento dos atrativos. Muito prestativos eles ligam para os locais desejados e te confirmam. Antes de subir, uma réplica da escultura de Michelangelo:
O Museu de Artes, cuja entrada é na lateral deste prédio, foi uma grata surpresa, mesmo tendo visitado apenas parte do térreo. Havia uma exposição temporária de desenhos japoneses, Mangá e de objetos pintados com uma técnica conhecida por JATAM e acredita-se que tenha chegado ao Irã, pelos chineses e persas. A técnica consiste em criar um revestimento com mosaicos geométricos utilizando ossos de camelo e cobre; o resultado é...Lindo!
A técnica JATAM:
Parte integrante do acervo permanente, podemos ver uma representação pouco usual de São Jorge, cujo artista é um dos mestres do Renascimento - Donatello:
Baco, também da Escola Renascentista:
E a surpresa da visita:
Esta peça é o tímpano central da Porta Real da catedral gótica de Chartres, na França, que permaneceu íntegro após o incêndio de 1194. Representa Cristo Pantocrator acompanhado dos 4 evangelistas. O Homem simboliza Mateus; o Leão é Marcos; o Touro representa Lucas e a águia é João. Sensacional!
Mercado da Abundancia |
Procurando o Museu dos Azulejos, que estava fechado, há umas ruazinhas charmosas que cortam a principal:
E, então, chegamos à Praça Cagancha, também chamada de Praça da Liberdade, devido ao monumento à Paz (quando se pôs fim a Revolução do General Flores, em 1865) instalado ali em 1867. É nesta praça que hoje se encontra o Mercado de Artesanato e também uma Biblioteca e o Museu Pedagógico, que fiquei curiosa, mas também se encontrava fechado:
Biblioteca e Museu Pedagógico |
Mercado de Artesanato |
Monumento à paz |
Abaixo o Palácio Salvo sinalizando que estamos na Plaza Independência e imponente a escultura do General Artigas do alto do seu cavalo se apresenta. Muitos turistas apressadinhos passam direto e não descem para visita ao Monumento, que na verdade é um mausoléu. Vale a visita, pois há uma cronologia histórica bem montada a respeito de Artigas. Os guardas imóveis e indiferentes aos nossos cliques, vigiam as cinzas do General...
Outra construção que nos remete à arquitetura classicizante italiana, logo ali ao lado desta praça, é a do Tetaro Solis. Em outra escala, percebemos traços do Scala de Milão, em especial por suas rotundas e o corpo principal com as colunatas.
Nos limites da praça, o Portal que nos leva à peatonal Sarandi, vestígios da antiga cidadela, principal ligação com a Praça Constituição e com o Mercado do Porto.
Por esta peatonal chegamos à Praça da Constituição, o recanto mais francês de toda essa influência clara que podemos perceber ao percorrer o que deliniei como centro. Nesta praça é que se encontra a Igreja de San Juan, onde podemos ver um plano de desenvolvimento da cidade até o século XIX:
Igreja de San Juan |
Seguindo um pouco mais avistamos aquela fumacinha branca, ao longe: Habemus parrila! Para os amantes da boa carne, não tem mesmo lugar melhor para saborear uma, acompanhado do Medio y Medio: bebida que mistura espumante com vinho branco e que é uma delícia. Bom, fugimos dos tradicionais Roldós e El Palenque e arriscamos na Cabaña La Veronica e acertamos em cheio! Os cortes oferecidos são do Gado Hereford e o medio y medio espetacular, começando pelo brinde da casa!
Habemus Parrilla |
La Cabaña Veronica:
E seu carro chefe:
Ao redor do Mercado, conseguimos perceber uma Montevideo mais autêntica:
E era carnaval!
Mas, o som que guardo da cidade, ainda é o silêncio...de uma cidade que sussurra e vai se mostrando bem devagar...
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