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domingo, 6 de março de 2016

Doce Portugal

    Portugal encantou, surpreendeu! A gastronomia foi um dos pontos altos da viagem de 13 dias pelo país. Esse post é para destacar que há muito mais para se descobrir por conventos nunca antes navegados. E se realmente você acredita que "você é aquilo que você come", procurei saber o que, afinal, são os doces conventuais portugueses. Sabor e tradição definem a doceria conventual portuguesa. 
   Como o próprio nome sugere os doces conventuais portugueses foram criados e/ou difundidos pelas freiras dos conventos há muitos séculos. Mas, foi a partir do século XV com a expansão e obtenção em larga escala do açúcar através das colônias portuguesas (hum, bem que eu senti uma certa brasilidade)que os doces atingiram novos patamares, já que o açúcar possibilitava diferentes pontos de calda. Por imposição social e muitas vezes sem escolha as mulheres (muitas de famílias abastadas) aprimoraram e desenvolveram diversas receitas com o passar dos séculos. Com apenas 3 ingredientes básicos - ovos, açúcar e amêndoas - milhares de receitas definem um país. De grandes navegadores no século XV, os portugueses chegam ao século XVIII e XIX como os maiores produtores de ovos da Europa. As claras que eram amplamente exportadas para todo canto serviam também para engomar não só os hábitos conventuais e roupas das famílias mais ricas, mas também como elemento purificador na produção de vinhos brancos. As gemas que inicialmente eram descartadas ou alimentavam animais, com a chegada do açúcar das colônias portuguesas tomaram outros destinos e foi sem dúvida o responsável pela tradição que hoje aí está. Os doces que sempre foram consumidos no interior dos conventos e mosteiros, começaram a ser vendidos e terem as suas receitas transmitidas para certas famílias a partir de meados do século XIX, quando as Ordens religiosas foram proibidas em Portugal. Para garantir o sustento muitas religiosas foram acolhidas por famílias que mantiveram a tradição das receitas. 
  Bom, eu não consegui comer as centenas (sim, centenas) de receitas em 13 dias, mas posso destacar algumas que ficaram com gostinho de quero mais. Fica a dica! 
  Em Lisboa, não tem jeito...Corra para a tradicional casa Pastéis de Belém, que desde 1837 servem os deliciosos pastéis além de outras especialidades. A história é a mesma: a partir de uma receita secreta do Mosteiro dos jerônimos que está ali ao lado, a iguaria é colocada à venda a partir do encerramento de todos os mosteiros e conventos a partir da Revolução de Lisboa (1820). Em 1834 ocorre o fechamento de todos os mosteiros e conventos. Com isso, o clero e trabalhadores são expulsos e uma nova economia surge. Chegam à mesa, quentinhos, crocantes...O açúcar de confeiteiro e a canela são opções de complemento, se é que precisam!




     Você quase esquece de ver os detalhes da casa...por isso, é bom voltar !




   Sempre cheia, o que você tem a fazer é entrar e escolher uma mesa num dos grandes salões. Olhando a entrada você não percebe como o lugar é imenso.


  Ainda em Lisboa, a Baba de Camelo do restaurante Laurentina,o Rei do Bacalhau também ficou na (minha) história: uma espécie de mousse de caramelo, com amêndoas torradas. Você resistiria? Eu não!


  Em Sintra é nessa rua charmosa que o tradicional café Piriquita, assegura a fama! As queijadinhas e os travesseiros são sensacionais. 







     No momento que escrevo esse post está acontecendo em Coimbra o Festival de Crúzios. O crúzio do Café Santa Cruz vale a visita! Ah, o café funciona na mesma edificação da igreja.




Imóvel adaptado para o café...aula de patrimônio.

    
    Em Aveiro, desde 1882, Maria da Apresentação fabrica o artesanal Ovos Moles, uma tradição que remonta Aveiro Conventual. Finos e delicados, a receita única atravessa gerações e é guardada a 7 chaves. O sabor e a cor são intensos, contrastando com a delicada folha que o reveste (a mesma da hóstia).



    Em Guimarães, onde nasceu Portugal, nasceu também o Divina Gula, que não tem nada de pecado...doces perfeitos.




    E pelas ruas você é o tempo todo colocado à prova. Não provei nada que não tenha gostado! 




     Como acompanhamento e para fechar o doce post, o chocolate quente de Portugal é daqueles de se tomar com colher, entendeu? O Café Majestic, no Porto,  é famoso, é bonito, vale sim a visita...mas, vai por mim: você não precisa pagar o preço do chocolate quente de lá, outros lugares oferecem o mesmo (de verdade), pela metade do preço! 


    E aí? Achou a vida doce em Portugal? Ah, se eu sou o que realmente eu como, comi história em porções saborosas!

3 comentários:

  1. Deu vontade de retornar agora! Na minha passagem pelo Porto, no ano passado, o Majestoso estava fechado para reformas... ainda bem kkkkkk consumi menos calorias. Portugal é uma doçura!

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  2. Sensacional a tradição do "fazer" cada um desses doces, por região e com suas histórias. Sim, o Majestic tem o seu valor, claro, mas é uma outra coisa...Bjs

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  3. Sensacional a tradição do "fazer" cada um desses doces, por região e com suas histórias. Sim, o Majestic tem o seu valor, claro, mas é uma outra coisa...Bjs

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