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sábado, 24 de janeiro de 2015

Entre a fé e os sabores de Salvador

    Salvador, me parece, a cidade mais exótica aos outros brasileiros que ali não nasceram e que ali não vivem e, ao mesmo tempo, onde percebemos com uma intensidade única as nossas raízes.
  No primeiro dia da viagem, fizemos o seguinte roteiro: a partir da Av. 7 de Setembro (aliás, uma excelente localização para o hotel, a meio caminho de tudo) saímos caminhando em direção ao Centro Histórico (Praça da Piedade, Largo de São Bento, Praça Castro Alves, Praça da Sé, Pelourinho, Mercado Modelo). Então, um táxi até a Pedra Furada, para seguir caminhada até a Igreja do Bonfim e finalizamos na Ribeira.
   O complexo beneditino foi objeto de outro post, certo?
   Vamos ao embarque!
   Ainda na Av. 7 de Setembro, Palácio da Aclimação, onde funciona o Teatro Vila Velha:
 
     Logo alcançamos a Praça da Piedade, onde se destacam a Igreja de São Pedro e o Real Gabinete Português de Leitura:


Igreja de São Pedro

Gabinete Real Português de Leitura
 


    Passando pelo Largo de São Bento e o complexo beneditino, chegamos à Praça Castro Alves com uma bela vista da Baía de Todos-os-Santos.



   A partir da Praça Castro Alves, deixamos a Av. 7 de Setembro e pegamos a sua continuação, a Av. Chile que nos leva até a Praça da Sé. Aqui está a Prefeitura de Salvador, o Elevador Lacerda (calma, não desça agora até o Mercado Modelo que você vai avistar facilemnte) e o Palácio Rio Branco (entre aqui e além de uma boa exposição, garanta uma vista incrível):

 
 
 
 
 

 

 
    Tudo visto? Fotografado?

  
     Imediatamente ao lado temos o Memorial das Baianas e a Cruz Caída. Assim, alcançamos o Terreiro de Jesus.



    No Terreiro de Jesus, o coração do Pelourinho se delineia: no mesmo território temos a primeira faculdade de Medicina do Brasil, onde funcionou o Hospital Real Militar, a Igreja de São Francisco, que era frequentada pela elite branca, logo ao lado da Igreja de ordem terceira, frequentada pelos negros e entre um batuque e outro de capoeira chegamos à Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, na Ladeira do Pelourinho, onde também podemos ouvir os batuques no seu interior, nas missas que ocorrem às terças-feiras, às 18 horas. Depois, sim: hora dos tambores do Olodum.
 
Primeira Faculdade de Medicina, prédio onde funcionou o Real Hospital


 

Igreja de São Francisco 

Talha Barroca da Igreja de São Francisco
Detalhe do Teto, Igreja de São Francisco
Detalhe Azulejos da Galilé da Igreja de São Francisco
    Ainda pelo Pelourinho, admirando as suas cores:



Fundação Casa de Jorge Amado


     O suor daqueles que tanto construíram rendem homenagens:


    Vendo a Igreja Nossa Senhora dos Rosários dos Pretos, me fica uma pergunta: será que estas fitinhas estão ocupando o mesmo lugar que os cadeados mundo afora? Espero que não...

 
    Neste dia, o almoço foi longe do Centro Histórico, próximo a Igreja do Bonfim, num recanto muito especial conhecido como Pedra Furada (inclusive há o restaurante de mesmo nome, mas não foi o nosso escolhido). Agora sim, hora de descer o elevador Lacerda e depois de uma rápida visita ao Mercado Modelo, seguimos para lá. A melhor moqueca de camarão de Salvador, por nós experimentada, está no Recando da Lua Cheia. Um lugar cheio de charme, com excelente atendimento e com uma vista perfeita para a Baía e para a Ponta do Humaitá completam o cenário perfeito. Pessoal, eu devo ter comido as minhas fotos da moqueca! Não as encontrei e tive que lançar mão dessa imagem do próprio site do  restaurante! Todas as outras, como em todos os posts, fotos próprias. Mas, vai por mim: melhor moqueca de camarão, com melhor custo x benefício. Também experimentamos uma no Centro Histórico, no restaurante Mão Dupla e foi uma agradável experiência. Mas, ficamos com esta!
 
Restaurante Recanto da Lua Cheia
 

Foto Alheia

 
    Corpo alimentado, era hora de voltar a alimentar a alma: numa breve caminhada, alcançamos a Igreja do Bonfim, cuja lavagem das escadarias teria acontecido no dia anterior, na quinta-feira, dia 14 de Janeiro e, portanto, festa até o próximo domingo. Preparem-se, hora dos pedidos: escolha a sua fitinha e bons pensamentos, já que este ritual envolve fé e esperança.
 
 
    Pedidos feitos? Sabem o porquê das fitinhas? Seguinte: diz-se que ela foi criada em 1809 e era conhecida como “medida do Senhor do Bonfim” pelo fato de que media 47 centímetros de comprimento, que é exatamente a medida do braço direito da estátua do santo que se encontra no altar-mor da igreja. Originalmente, as fitas eram utilizadas por quem tinha alcançado uma graça. Como se fosse uma troca, o agraciado levava um retrato ou objeto de cera e, em troca, adquiria a fitinha. Mas, virou moda amarrá-la no pulso, fazendo 3 pedidos, com a esperança de que até que ela se desgaste e arrebente naturalmente os desejos se realizem. Assim seja!
   Mais uma boa caminhada e fecharíamos este dia com o melhor (sim, este não tem discussão) sorvete: sorveteria da Ribeira. A paisagem é generosa. O sorvete de tapioca...só mais uma, entre tantas outras coisas, que a Bahia tem...


Sorvete de Tapioca da Ribeira
    E esse foi só o primeiro dia na Bahia e na Baia de Todos-os-Santos! Salve Salvador! No próximo post, as cores e os sabores continuam...  
 
 
 

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

São Sebastião do Rio de Janeiro! E dos Beneditinos também!

     Um post que é na verdade uma homenagem a São Sebastião do Rio de Janeiro, padroeiro da Cidade Maravilhosa e que vai contar um pouco uma curiosidade deste Santo, a partir de uma recente visita à Cidade de Salvador. Representado nas pinturas, referenciado na Literatura, São Sebastião é ícone na expressão artística. Nas tradições afro-brasileiras Oxossi é sincretizado como São Sebastião. Não é apenas a cidade do Rio de Janeiro que tem o santo como seu padroeiro, mas outras cidades em Estados diversos como Acre, Alagoas, Amazonas, Distrito Federal, Minas Gerais ... Bahia!
    Aqui que começa a história desse post: feriado de São Sebastião e uma visita ao Mosteiro de São Bento de Salvador. O Mosteiro de São Bento de Salvador é considerado o primeiro mosteiro beneditino das Américas, fundado em 1582. Depois de lá, os monges foram para outras cidades, inclusive vieram aqui para o Rio de Janeiro. Como todo programa arquitetônico beneditino, construíram o mosteiro e também a Igreja. No Rio de Janeiro, a Igreja do complexo do Mosteiro de São Bento, chama-se Nossa Senhora de Montserrat e, por isso, a imagem desta santa encontra-se no altar mor (o altar principal da Igreja). Imediatamente abaixo, aparecem as imagens de São Bento e de sua irmã gêmea, Santa Escolástica. Todos, praticamente, referem-se à essa Igreja como "Igreja de São Bento", não é mesmo?
    Em Salvador não é diferente! Todos se referem à Igreja do complexo de São Bento, localizada no Largo de São Bento, em Salvador, como: "Igreja de São Bento". E onde entra São Sebastião nesta história? Veja só a imagem do altar mor da Igreja (tá bem, não ficou muito nítida, mas eu não podia chegar mais perto). Descrevo para você: as imagens dos dois irmãos (São Bento e Santa Escolástica) nas laterais do altar mor e no altar principal, São Sebastião!
 
 
    Lá, como cá, todos conhecem a Igreja como a Igreja de São Bento, mas na verdade a Igreja chama-se Basílica Menor de São Sebastião (nomeada pelo Papa João Paulo II, em 1982) e tem como santo principal, o nosso São Sebastião.
    E assim é a Igreja de São Bento de Salvador...ooops, de São Sebastião:

 
 



    Sabemos que o claustro beneditino só está aberto para mulheres em certas ocasiões, como por exemplo no dia de  Domingo de Ramos ou quando morre um monge. Mas, quem resiste a um papo entre São Sebastião do Rio e de Salvador?

 
    Salve São Sebastião! Salve o Rio , salve Salvador! Salve o Brasil!