Quem sou eu

Carioca, Arquiteta e Professora de História da Arte e Arquitetura. Vamos embarcar no mundo das artes, arquitetura e viagens? Embarque Imediato!

domingo, 25 de maio de 2014

Vale Sagrado dos Incas, Cuzco

    Este é um passeio clássico feito a partir de Cuzco. Em um dia inteiro de visita, invariavelmente  partindo dos arredores da Plaza de Armas de Cuzco, diariamente partem os ônibus rumo ao Vale Sagrado. Na verdade, a região conhecida como Vale Sagrado inclui vários povoados e sítios arqueológicos, que são cortados por inúmeros rios que vão serpenteando o Vale, sendo o Urubamba o rio mais conhecido e também considerado sagrado. Assim: Pisac, Ollantaytambo, Maras, Moray, Chinchero, Tipón, Urubamba, Quenqo, Pucapucara, Sacsayhuaman são os principais vilarejos e sítios arqueológicos, nos arredores de Cuzco, memória da civilização inca e seus antepassados, onde podemos vislumbrar paisagens, histórias incriveis e, ainda, percebermos as cores de um povo encantador. Por uma questão de logistica, praticamente todas as agências de turismo local oferecem um tour conhecido como Vale Sagrado, incluindo uma visita a Pisac, Ollantaytambo e Chinchero. Já o City Tour, em geral  inicia com uma visita ao Templo de Qorikancha, ainda em Cuzco, seguindo por Tambomachay, Pucapucara e Quenqo. Em outro tour, Moras, Moray e o povoado de Chinchero (não pense que irá repetir a visita já feita no tour ao Vale Sagrado) podem ser visitados e por aí vai...É só fazer a sua escolha e embarcar! Boleto Turístico em mãos! (preciso escrever sobre este Boleto e como funcionam as agências de turismo e as excursões oferecidas).
    Embarque feito rumo a Pisac, nossa primeira parada estaria a apenas 33 km de Cuzco! Aqui, é preciso verificar uma questão: algumas excursões não param no Mercado Central de Pisac, famoso por sua feira de artesanato. Se isso for imprescindivel para você, acho altamente recomendável confirmar se a excursão  escolhida inclui a parada no Mercado e, claro, escolher fazer este tour nos dias de funcionamento da feira:; em março deste ano, esta feira funcionava às tercas, quintas e domingos. 
     No meio do caminho, uma parada para um chazinho de coca, pois ainda viria muita subida pela frente, momento em que se visita uma primeira feira, com belo artesanato local e linda vista do famoso Urubamba, que irá nos acompanhar em todo o percurso:



    
  Pisac e suas ruínas. Percebemos a diferença do setor agrícola, com seus terraços:


 Do setor urbano:



    Estes setores estão estrategicamente próximos, mas nunca juntos. Em aproximadamente 1 hora é possivel percorrer estas ruinas e, assim,  nos convencermos que é  preciso seguir...


     E seguimos rumo a Ollantaytambo::


Vista ao subir os vários degraus do sítio arqueológico
Em degraus, o sítio arqueológico vai se impondo
Técnica de encaixe das pedras: reparem que de perfil, o muro é alinhado, em prumo!


    E seguimos para Chinchero, última visita deste tour. Por todo o caminho os picos nevados, o rio Urubamba e pasisagens de tirar o fôlego (quer dizer, isso a altura já faz!) são cores de um mesmo dia!




     Falando em cores, Chinchero é especial. As mulheres estão envolvidas  com a fabricação do seu lindo artesanato têxtil, produzido a partir de fibras naturais e é possível acompanharmos todo o processo:









     Com este sorriso e com uma lição de como se tece a vida, era preciso retornar a Cuzco, pois o Vale ainda reservava outras histórias...




domingo, 18 de maio de 2014

Dia de São Jorge em Vila de São Jorge

    Quando nos demos conta, estávamos no feriado de São Jorge em Vila de São Jorge! No dia em que se homenageia o Santo Guerreiro é feriado municipal no Rio de Janeiro e, por isso, não estávamos no Rio e justamente em Vila de São Jorge. 
    Vila de São Jorge é parte do Município de Alto Paraíso de Goiás, estado de Goiás e tem cerca de 800 habitantes (não esqueci zero algum, cerca de 800 habitantes!). As comemorações em homenagem a São Jorge começam no dia anterior, com o Levante do Mastro e termina no dia de São Jorge, 23 de Abril, com a Derrubada do Mastro. Praticamente todo o vilarejo se envolve com os preparativos da festa, que se inicia na Igreja singela e aconchegante e pouco a pouco vai ganhando as ruas de terra batida do vilarejo com a procissão guiada pelas crianças. Ah, a Igreja é dedicada e tem como padroeiro, claro, São Jorge! Sopas e canjica são distribuídas para todos que estão homenageando o Santo, enquanto a fogueira é acesa.
    As fotos abaixo foram tiradas a partir de dispositivo móvel, mas ainda assim guardam a beleza da festa e o encanto de estar no dia de São Jorge em sua vila.
A imagem do Santo, que seria levantada no Mastro

Fogos e cantos em sua homenagem
Procissão , todos levam uma vela e acompanham os cantos
    Durante todo o dia o que se fala e o que se ouve é sobre a festa que acontece somente à noite, como vemos nas fotos. Durante o dia, fizemos mais uma trilha possível na região da Chapada. Neste dia, a escolhida foi Loquinhas, em Alto Paraíso. De todas as trilhas feitas na Chapada, essa foi a mais fácil, em termos de grau de dificuldade. O acesso fica dentro de uma propriedade particular, muito próximo da entrada de Alto Paraiso. O caminho que leva até a entrada da Fazenda Loquinhas exige cuidados com o carro, pois o terreno é  muito irregular, mas tranquilamente possível com carro de passeio. O percurso de carro é de, aproximadamente, 3 km. Chegando à sede da propriedade, percebe-se o cuidado e o investimento turístico que o proprietário realizou. Uma pequena recepção,  onde os  visitantes podem ver um mapa das trilhas no interior da propriedade e, onde também é realizado o  pagamento da entrada (em abril, 17 reais por pessoa e você pode ficar o tempo que quiser). Grande parte da trilha, de apenas 1,5 km possui piso em madeira, muito bem sinalizado ou piso de terra batida firme, praticamente plano, com exceção quando nos deparamos com as várias locas, ou seja, tocas subaquáticas ou grutas, que existem ao longo das várias cachoeiras da Fazenda Loquinhas. Sinalizo que no local não há bar, lanchonete ou restaurante. Leve seu lanche e aproveite o dia neste paraiso. 

Inicio da trilha





   É só escolher a melhor loca para seu mergulho, mas sugiro: mergulhe em todas! Com profundidades diferentes, mas todas com águas cristalinas! 
    Pensávamos que São Jorge já tinha nos dado mais do que precisávamos neste dia e que estávamos prontas para a festa, mas...e a fome depois de muitas horas mergulhando neste paraiso? Aqui vai a sugestão: volte em direção à Vila de São Jorge e, ainda na estrada, antes de chegar à estrada de terra que dá acesso ao vilarejo, visite o Rancho do Valdormiro. Um lugar simples e dos bons! Estava curiosa para  experimentar a tal da Matula, prato tipico dos tropeiros e que, originalmente, significa merenda, embalagem ou ainda: comida embalada. Mas, agora, na "hora do rancho" matula significa a feijoada do cerrado! É mais ou menos assim: carne de sol, linguiça, lombinho ou carne de lata, tudo desfiado no feijão branco, servido em folha de bananeira, acompanhado de mandioca e arroz. Não pude experimentar a cachaça artesanal no local, mas a garrafa onde a bebida é curtida com tirinhas de cana, está aqui para pequenos goles de lembrança do Cerrado.
Matula, do Rancho do Valdomiro
    Era preciso voltarmos  para Vila, pois a festa já ia começar!


    Só posso  terminar este post com um emocionado e agradecido: Salve Jorge! E fomos curtir a fogueira, a canjica e a festa em homenagem ao Santo Guerreiro!

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Bruxelas, Art Nouveau

    Bruxelas tem uma das mais lindas Praças da Europa. A cada 2 anos, a Grand-Place recebe um lindo tapete de flores, que é um outro espetáculo.
    Neste post, os motivos florais serão outros...O Art Nouveau de Bruxelas! Delicado e elegante, o estilo buscou inspiração na natureza, em especial nos motivos florais. Victor Horta é o arquiteto ícone da Bélgica. Nasceu em Gent, em 1861 e morreu aos 86 anos em Bruxelas, cidade onde sua obra foi pioneira e que projetaria o estilo mundo afora. Em Bruxelas, as famosas casas Tassel  (6, Rue Paul Émile Janson) e o atual Museu Victor Horta (23-25 Rue Americaine, em Saint Gille), que foi a casa onde o arquiteto morou,  podem ser visitadas e são referências na arquitetura.
    Mas, o que eu tinha em mente era ver como o estilo se propagou. Como um estilo tão relacionado com a questão da moda (com toda força que tem a palavra moda quando inventada no século XIX) se propagou pelos centros europeus e ganhou a América. Como o belo poderia fazer frente a um sistema no qual a produção tinha como lógica a rápida substituição o Art Nouveau resistia, valorizando o fazer artístico: Victor Horta na Bélgica, Guimard em Paris, o designer francês Gallé, Gaudi em Barcelona - Todos, de alguma forma, representam essa resistência entre o fazer das  Belas Artes (o Academicismo), valorizando e ressaltando o único e o fazer dos tempos modernos, pautado na homogeneidade e no emprego dos materiais em série. Todos, de alguma forma, resistiram e foram na contra mão do homogêneo, do seriado, da não identidade local. E, por isso mesmo, hoje podemos falar da Bélgica do Horta, das estações de Paris de Guimard, da Barcelona de Gaudi e por ai vai...
    Se quiser embarcar nesta Bruxelas Art Nouveau, anote ai: Avenida Palmerston e, em especial nº 2-4 (Casa Eetvelde). Esta Avenida liga duas praças, com lagos e esculturas, tornando o passeio ainda mais agradável. Sugiro fazer o passeio pela região junto com a visita ao Parque Cinquentenário, pela proximidade.
    Os arredores:
 




     Brussels, Art Nouveau:










     Depois, siga para o Parque Cinquentenário!








sábado, 10 de maio de 2014

Jardim de Luxemburgo, Paris

    Paris! Dá até um friozinho na barriga quando começo a escrever sobre Paris...Cidade encantadora, que me pega de jeito. A ideia desse post é ser um, entre tantos outros que escreverei não só sobre Paris, mas especialmente sobre os Jardins, Praças e Parques de Paris. Há modo mais democrático que uma cidade ser reveladora apenas percorrendo seus jardins, praças e parques? Paris é assim: começamos a desfrutá-la de fora para dentro. Não precisamos chegar a lugar algum para já termos chegado exatamente onde gostaríamos de estar; acontece com você também?  Vamos embarcar no Jardim de Luxemburgo.
    Primeiro, gostaria de dizer que essa é a região onde gosto de me hospedar: margem esquerda do Sena. Mentira! Onde gosto de fingir que moro em Paris ao menos por um tempo, alugando um studio (o mesmo, da minha já querida Alena), mas isso é uma outra história que depois posso contar para vocês. E o que temos nos arredores? A Rua Souflot, nome do arquiteto que projetou o Pantheon localizado aí, a histórica Rua Saint Jacques, uma das mais antigas de Paris, traçada ainda no Antigo Império Romano - aliás, uma das antigas muralhas de  Phillippe Auguste ficava exatamente bem próxima da Rua Souflot. No número 252 está a Igreja de Saint- Jacques-du-Haut-Pas e, para terminar, parte da rua ocupa o Quartier da Sorbonne. A Rua Saint Jacques começa a perder um pouco de importância e  prestígio nos planos de Haussmann, com a abertura do Boulevard Saint-Michel. Já ouviu alguma história parecida? Sobre a abertura de uma Grande Avenida que vai substituir o eixo central da "antiga cidade"? Qualquer semelhança, neste caso, não é  mera coincidência! Falarei em outro post sobre a nossa Avenida Rio Branco, antiga Avenida Central.

Pantheon: arquitetura neoclássica
arredores do Pantheon

Igreja de Saint-Jacques-du-Haut-Pas

    E o Jardim? Estão lembrados quando falei que mesmo ainda não tendo chegado ao nosso destino já estamos onde gostaríamos? Paris é assim... Mas, vamos lá: Jardim de Luxemburgo!


    O Jardim de Luxemburgo é considerado o maior de Paris e atualmente pertence ao Senado, sediado no Palácio de Luxemburgo. A construção do palácio remonta ao século XVII, nos tempos de Maria de Medicis, viúva de Henrique IV que, cansada de viver no então Palácio do Louvre, mandou construir algo que lembrasse a sua terra natal...Repare no sobrenome: Medicis...Florença! Este palácio foi então inspirado no Palácio Pitti, de Florença.
    O Jardim está repleto de esculturas:






    As cores de outubro me encantam e em 2013 ainda tínhamos muitas cores:


    Temos ainda o lago, para deleite das crianças (e dos adultos também) que escolhem seus barquinhos para navegar. O que me chamou a atenção foi o menino que brincava com o barquinho do Brasil: como é parecido com um filho de uma amiga! Registrei e apelidei: o "Matheus de Paris!"


     Que pitoresco!

    Por fim, para quem desejar:


    E para você: quais jardins, praças ou parques de Paris te pegam de jeito? Conta aqui pra gente.